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Grávida precisa mesmo ficar afastada de gatos?

A história não é bem assim.

De todas as crenças que envolvem os gatos, a mais forte é a da toxoplasmose. Muitos culpam os felinos caseiros pela doença e até afastam gatos das suas próprias casas quando há alguma gestante achando que, desta maneira, a a futura mamãe estará livre da enfermidade.

Será mesmo?

Veja a seguir a entrevista realizada com a Dra Patrícia da Saúde Felina para o site do HV Pró-vita, com o qual possui parceria.

O que é a toxoplasmose?
É preciso saber antes de mais nada que a toxoplasmose é uma importante zoonose, sendo uma das infecções parasitárias mais comuns em todo o mundo que pode causar diversas alterações patológicas, principalmente em fetos e em pacientes imunodeprimidos.
Doutora Patrícia Montaño explica que os gatos são os únicos animais domésticos no qual este parasita completa o estágio sexual de seu ciclo de vida, eliminando formas infecciosas no meio ambiente por meio de suas fezes.

“Eles são importantes no ciclo de vida deste protozoário, mas muitas vezes são condenados erroneamente. É importante reconhecer que a principal forma de infecção ao homem não ocorre pelo contato direto com os gatos. Ela ocorre, principalmente, pelo consumo de carne contendo cistos do parasita, ou da ingestão acidental de oocistos esporulados das fezes de gatos contaminando alimentos como frutas, verduras e água” desmistifica a veterinária.

O papel do gato, assim como dos demais felídeos na toxoplasmose, consiste principalmente na perpetuação do parasita e na sua capacidade de contaminar o solo.

“A possibilidade de transmissão para seres humanos pelo simples ato de tocar ou acariciar um gato, ou mesmo por arranhões e mordidas, é mínima ou inexistente, devido às características de eliminação do agente e de higiene destes animais” explica Patrícia Montaño.

Cuidado com as fezes, não com os pelos
O período de eliminação de oocistos, responsáveis pela enfermidade, através das fezes é muito curto de acordo com a médica veterinária: duração de uma a duas semanas, com estes oocistos levando três dias no ambiente em condições adequadas de umidade e temperatura para se tornarem infectantes.

Patrícia Montaño explica que dificilmente os oocistos permanecerão nos pelos, já que os gatos estão constantemente se limpando e durante o período de eliminação geralmente não ocorre diarreia. “É importante lembrar ainda que nem todo gato é portador. No caso dos portadores crônicos, estes dificilmente irão eliminar oocistos novamente mesmo após uma reinfecção, pois os gatos normalmente eliminam o agente apenas na primoinfecção, tornando-se imunes por toda a vida”.

Gatos de prédios tem menos risco para gestantes
A doutora anda explica que gatos que habitam apartamentos e se alimentam apenas de alimento comercial ou dietas caseiras apresentam menor risco de contato com o agente, e consequentemente um potencial de transmissão menor ainda.

“Principalmente no caso das gestantes, é necessário desmistificar que o simples fato de possuir contato com gatos durante o período gestacional, sem analisar os fatores de risco envolvidos para os animais e para estas mulheres, seja motivo para que elas tenham que se desfazer de seus animais. Evitar a exposição a gatos não significa evitar exposição aos oocistos. Portanto, considerando todas as outras fontes, o afastamento ou até a mesmo a eutanásia de gatos de estimação não soluciona o problema” explica a Patrícia.

Prevenção sempre
A especialista afirma que exames realizados previamente nas mulheres e nos seus gatos auxiliam na conduta profilática, pois gatos soropositivos para toxoplasmose já passaram pela fase de eliminação de oocistos e praticamente não apresentam riscos de transmitir a doença.

“Já para os gatos soronegativos, é importante que se mantenha este quadro através da restrição destes aos principais fatores de risco. E para as gestantes soronegativas, estas devem tentar evitar o contato com cistos teciduais e oocistos, mediante uma série de medidas simples e muitas vezes ignoradas, quando se leva em consideração apenas a presença de gatos na casa” conclui Patrícia.

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